“Onde o verme não morre e o fogo não se apaga”
Há umas semanas atrás, no XXVI domingo do Tempo Comum/Ano B, escutámos Mc 9, 42-50, um texto que fala da gravidade do escândalo (e da necessidade de o evitar) e nos coloca perante a opção entre a vida que se arruína e a que se salva. Se a salvação é dita com a expressão “entrar na vida” (vv. 43.45) ou a sinónima “entrar no Reino de Deus” (v. 47), a ruína é sugerida pela imagem da Geena, lugar “onde o verme não morre e o fogo não se apaga” (vv. 44.46.48)1.
O termo “Geena” (no aramaico, Geh Hinnam; no hebraico, Geh Hinom) significa, literalmente, “vale de Hinom”2. Situado a sudoeste da cidade antiga de Jerusalém3 e também conhecido como “vale do filho de Hinom”, era o lugar onde se prestava culto a Moloc. Falando do rei Acaz (763-727 a. C.), 2 Rs 16, 3 refere que “chegou até a passar pelo fogo o seu próprio filho, como fazem os reis de Israel, segundo o abominável costume dos povos que o Senhor tinha expulsado diante dos filhos de Israel” (cfr. 21, 6; 23, 10; 2 Cr 28, 1-3). Por causa disso, Deus castigará o povo, o vale de Hinom chamar-se-á “vale da morte” (Jr 7, 31-34) e tornar-se-á o lugar e o símbolo da ruína ou da desgraça4. Muito provavelmente a ele se refere Jeremias, quando menciona “o vale dos cadáveres e das cinzas” (31,........
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