Enquanto enfermeiro a exercer diariamente numa unidade de eletroconvulsoterapia (ECT), considero essencial contribuir para uma compreensão realista e atualizada deste tratamento, frequentemente envolto em estigma e desinformação. A imagem social da ECT permanece, em muitos casos, associada a práticas antigas e representações cinematográficas que nada têm que ver com a realidade clínica contemporânea. No entanto, aquilo que observo todos os dias é profundamente diferente: a ECT é um procedimento técnico, rigoroso, indolor e seguro, capaz de transformar o percurso de doentes que estão em sofrimento psíquico severo.

A ECT consiste na indução de uma breve convulsão terapêutica através de estímulos elétricos cuidadosamente titulados. Esta intervenção decorre em ambiente clínico controlado, onde é realizada sob anestesia geral de curta duração e com administração de relaxantes musculares (para reduzir o desconforto associado), o que assegura que o doente permanece inconsciente, imobilizado e sem qualquer perceção dolorosa. O procedimento ocorre sob monitorização........

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