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Na cabeça dos nossos filhos

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26.01.2024

Num final de tarde de um dia cinzento de primavera, em 2005, percorria de bicicleta as ruas junto a um dos canais principais de Amesterdão - o Prisengracht - quando de repente tudo parou e ficou em silêncio. Como num filme. As pessoas saíram dos seus carros e ficaram imóveis, quem estava de bicicleta parou, os barcos interromperam o seu curso, nos restaurantes e bares a música foi desligada.

Durante dois minutos arrepiantes só os sinos e o crocitar dos corvos se ouviu, nada mais. E eu ali, já com os pés no chão e as mãos a segurar a bicicleta enferrujada, sem ideia do que se passava à minha volta apenas mimetizava os outros: quieto e em silêncio. Quando regressou a normalidade abordei o ciclista mais próximo, e ainda a sussurrar perguntei sobre o que se passava. Explicou-me que todos os anos naquele dia, 4 de maio, os holandeses fazem dois minutos de silêncio em memória das vítimas das guerras e que no dia seguinte, 5 de maio, comemoram o fim da ocupação nazi. De regresso à marcha pensei, sobretudo, como a geração de jovens dos anos 1930 e 1940, pais ou avós de quem me cruzava, se tinham tornado nazis ou colaboracionistas. Como foi possível irem atrás daquelas ideias? Como foram convencidos?

Entre essas perguntas, dei por mim a........

© Diário de Notícias


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