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Os pilares da violência doméstica e a urgência de desmontar uma cultura que mata

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Doutora Jane Klebia deputada distrital

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Falar de violência doméstica no Brasil é falar de uma estrutura social que ainda sustenta, sem pudor, a falsa superioridade masculina. Uma cultura que atravessa gerações, molda comportamentos, silencia mulheres e autoriza — de forma explícita ou silenciosa — que homens ajam com brutalidade quando são contrariados.

Mas é também falar sobre racismo. Porque, neste país, ser mulher já é fator de risco — e ser mulher negra é estar, estatisticamente, nas margens onde a violência é mais frequente, mais severa e mais invisibilizada.

A verdade é simples e incômoda: a violência doméstica não nasce do nada. Ela é construída. É fruto de um modelo de masculinidade baseado no mando, no controle e na convicção de que a mulher existe em posição inferior. Quando essa mulher é negra, essa inferiorização é ainda mais profunda, sustentada por séculos de desigualdade racial.

Os exemplos recentes mostram o quanto essa lógica é mortal. Um homem matou duas mulheres porque não aceitava receber ordens de chefes mulheres. Outro passou o carro por cima da ex-companheira, deixando-a sem as pernas, como se o corpo dela fosse descartável diante de sua frustração. No Distrito Federal, uma militar do Exército foi assassinada a facadas e queimada dentro do quartel, vítima da violência........

© Correio Braziliense