20 de Novembro: o dia que não passa
André Lúcio Bento — doutor em linguística, escritor, especialista em cultura africana, desenvolve projeto de catalogação dos baobás existentes em Brasília
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Fui uma criança que via vultos na escola. O tempo todo. Mas eles gostavam mesmo de aparecer nas aulas de educação moral e cívica, uma disciplina a serviço da ditadura militar que tinha o objetivo de incutir, em nós, crianças, o nacionalismo e os chamados valores morais na visão do regime de exceção. Tinha um livro chamado Vultos da pátria, que, em suas várias versões, trazia um rol de biografias, quase todas para doutrinar as mentes de crianças e jovens do Brasil.
A princesa Isabel estava lá também e, se não me falha a memória, na edição a que eu tinha acesso no antigo 1º grau, ela era a única "vulta" no meio de um bocado de vultos, sobretudo por causa dos seus 15 minutos de fama no dia 13 de maio de 1888, quando herda a alcunha de redentora, por ter livrado o Brasil da escravização negra. Essa fake news histórica, forjada na perspectiva colonial e racista, povoou e povoa o imaginário de muita gente e, de forma desonesta, esconde até hoje mulheres pretas e homens pretos que fizeram da abolição um processo de resistência e de luta, e não um presente dado ao povo brasileiro pela filha do imperador.
O 20 de Novembro é um feriado que tenta reposicionar uma parte da........





















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