Simone de Beauvoir ensina a não nos desculparmos por sermos mulheres
Um pouco antes do Natal, recebi a mensagem de uma colega propondo que organizássemos um pequeno grupo para discutirmos um dos meus livros prediletos: "Os Mandarins", romance de Simone de Beauvoir que completa 70 anos de publicação em 2024 e pelo qual a filósofa e escritora recebeu o mais importante prêmio literário francês, o Goncourt.
Nesse livro, Beauvoir retrata alguns dos vários dilemas que definiram a vida dos intelectuais franceses ao final da Segunda Guerra Mundial, ao exemplo das discussões sobre como as esquerdas deveriam passar a se organizar no pós-guerra, bem como sobre o papel do escritor e a relação entre política e literatura.
Aceitei o convite sem pestanejar, motivada pela sensação de que a releitura e a discussão do livro talvez pudessem me ajudar na finalização de um artigo que apresentarei em junho em uma conferência dedicada à filósofa.
Imaginei que a minha nova leitura de "Os Mandarins" seria como quase todas as outras que costumo proceder quando estou trabalhando. Isto é, imaginei que seria capaz de me ajudar a recuperar informações e a descobrir detalhes que, em um momento anterior, não haviam despertado o meu interesse. Não passou pela minha cabeça que esse processo pudesse desencadear em mim qualquer reflexão mais íntima sobre a minha relação com o texto.
No entanto, existem livros que, além de ampliar o nosso conhecimento, também cumprem um importante papel no desenvolvimento das nossas........
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