Hannah Arendt aponta que sabedoria vem da falta de prudência na juventude
Em ensaio sobre Isak Dinesen —pseudônimo de Karen Blixen, autora de "A Fazenda Africana" (1937)—, Hannah Arendt propõe o seguinte questionamento: "Se é verdade, como sugere [Dinesen], que ninguém tem uma vida digna de ser pensada sem que se possa contar sua história de vida, não se segue então que a vida poderia e até deveria ser vivida como uma história e que o que se tem a fazer na vida é tornar a história verdadeira?".
Com isso, Arendt chama a atenção do leitor para a diferença entre se contar uma história sobre eventos relacionados à própria vida e se tentar viver conforme um determinado enredo, como se a vida pudesse ser tratada tal qual a expressão de um ideal.
Arendt comenta que, durante a juventude, Dinesen teria procurado viver conforme o legado paterno, como se o sentido da sua vida fosse pura e simplesmente o de continuar a história do seu pai, morto quando a autora ainda era criança: "A história que planejara executar em sua vida pretendia realmente ser a sequência da história de seu pai. Esta envolvera ‘une princesse de conte de fées que todos adoravam’, a qual ele conhecera e amara antes de seu casamento, e que morreu subitamente aos 20 anos de idade [...]. A jovem, revelou-se, era uma prima de seu pai, e a maior ambição da filha passou a ser pertencer a esse lado da família paterna [...]. O que então se seguiu foi mesquinho e sórdido, de forma alguma um material que se poderia pôr tranquilamente numa........
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