Tive que apostar na fé
Nos últimos tempos, desejei demais. Aos quatro anos de idade, uma criança que eu amo foi diagnosticada com uma patologia grave. Desde então, ou mais precisamente há seis anos, tudo o que fiz foi pedir a cura.
Se você fosse na minha casa e levantasse a escultura do Buda, embaixo encontraria o nome da criança. Aos pés da Nossa Senhora, a foto da criança. Sob o Daruma com um único olho pintado —o segundo se pinta ao realizar o desejo—, a palavra "cura". Minhas senhas eram palavras de fé —e isso que, até essa doença aparecer, eu nem acreditava em Deus (até hoje às vezes titubeio).
Para não parecer muito obsessiva, no meu aniversário eu fingia que estava fazendo pedidos para mim ao apagar a vela, mas era pela criança que eu pedia. No ano novo, todas as ondas eram para ela. Todas as uvas eram para ela. Todas as moedas que joguei em fontes de desejos foram para ela. Quem engolia das lentilhas do dia 31 não era a minha fome. Era a minha fome de cura por ela.
Como disse, eu não tinha fé. Fui aprendendo a ter. Na marra, na garra, na certeza de que muitas vezes só há isso para se aferrar. Nunca vou esquecer o dia em que fui apresentada aos mistérios da........
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