A doença da democracia
A democracia ocidental está em perigo. Cem anos depois do grande ataque dos anos 20, então bem sucedido, voltam a surgir com força os mesmos populismos que na altura criaram as maiores catástrofes da humanidade. Hoje, mais ainda que em novecentos, tais movimentos radicais nada apresentam de novo ou eficaz. Aliás, raramente se dão ao trabalho de sequer delinear propostas, limitando-se a bramar contra o poder, acusar de corrupção, insultar tudo e todos. Por outro lado, se olharmos para os líderes e candidatos envolvidos, fica claro que, se um dia chegassem ao poder, seriam muito mais incompetentes e viciosos que os que hoje criticam. Exatamente como há 100 anos.
Estes são, sem dúvida, os inimigos da democracia. Mas escroques e oportunistas sempre existiram e sempre existirão. Por isso, o perigo real vem, não tanto deles, mas daquilo que lhes dá força. No fundo, os movimentos extremistas não passam de um epifenómeno, de um sintoma de uma doença mais profunda. O principal perigo destes inimigos da civilização está na verdade que lhe assiste.
A democracia parte da hipótese que todos os partidos concorrentes têm como finalidade o bem do povo e o interesse nacional, divergindo entre si apenas por doutrinas políticas. Este axioma é muitas vezes verdadeiro, sobretudo em momentos de dinamismo e vitalidade social. Noutras épocas, porém, a........
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