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Os Media são muito mais importantes do que pensam

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23.07.2024

“A liberdade de imprensa não é apenas importante para a democracia, é a democracia”
Walter Cronkite

A democratização da produção de informação, a utopia de que cada cidadão pode ser um jornalista, está a tornar-se num pesadelo. Vivemos na era da informação, somos inundados com tsunamis de notícias, e cresce a sensação que estamos mal informados, que grande parte da informação consumida foi manipulada, que andamos sempre a tocar na rama e poucas vezes vamos ao fundo dos problemas. Tal como numa boa democracia não basta haver eleições, é preciso conhecimento e educação cívica para haver escolhas responsáveis; também no jornalismo não basta haver um púlpito para falar, é preciso ter o conhecimento e a integridade para (in)formar. Afinal os profissionais sempre servem para alguma coisa.

Há 30 anos já sabíamos o que ia acontecer: a Internet iria revolucionar a forma como comunicamos. E as empresas de comunicação social – sobretudo da imprensa – pouco ou nada fizeram para lidar com a nova realidade. Pela minha experiência, isto aconteceu porque a grande maioria dos gestores das empresas de comunicação social não dominavam como deveriam o negócio da informação, e os jornalistas, quando eram “promovidos” a cargos dirigentes, não sabiam muito de gestão. Qualquer pessoa sabe gerir um negócio que funciona bem – basta não fazer asneiras –, mas é preciso ter visão e coragem quando o negócio está a mudar. Com medo do futuro, os gestores tendem a fechar-se na única ferramenta que sabem usar com segurança: olhar para o Excel e cortar nos custos. Previsivelmente esta redução deriva numa deterioração da qualidade do produto, o que faz perder clientes e consequentemente receitas.

Tenho a noção que não é fácil lidar com a hecatombe. Nem todos os títulos têm salvação. Mas o que foi feito, e o sobretudo que não foi feito, deixa-me desesperado. No início do século fiz parte de uma equipa que no Diário Económico pensou neste assunto. Se uma redação for considerada uma plataforma de informação, no input temos a recolha de informação e no output podemos ter vários meios de difusão para chegarmos a mais clientes e mais receitas. Uma redação pode alimentar um jornal, um site, (o que já era normal na altura), mas também uma rádio e uma televisão. O projeto – da iniciativa dos jornalistas – esteve quase a ver a luz do dia, mas depois uma luta de egos deitou tudo a perder. A........

© Diário de Notícias


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