Facebook demonstra apego ao caos digital em nome do lucro
Alek Maracaja — Analista de dados, publicitário e diretor nacional da Associação Brasileira dos Agentes Digitais (Abradi)
A decisão da Meta, empresa liderada por Mark Zuckerberg, de encerrar o programa de checagem de fake news no Facebook e no Instagram, substituindo-o por um sistema de "notas da comunidade", representa um grande problema para o ecossistema da informação global. Mais do que uma mudança técnica, essa decisão evidencia um retrocesso preocupante. Avanços conquistados com o fact-checking como esforço de melhora na qualidade da informação são abandonados em prol dos interesses exclusivamente privados da empresa, que opera com informações públicas e expostas ao público.
Os programas de checagem das plataformas digitais foram um marco na luta contra a desinformação. Ainda que imperfeitos, eles representavam um compromisso inicial das big techs em assumir responsabilidade sobre os conteúdos veiculados. Eram um reconhecimento de que a informação não pode ser tratada como mercadoria comum, e que há consequências sociais, políticas e econômicas na disseminação de notícias falsas.
O recuo sinaliza um interesse maior da empresa em retomar o controle total das narrativas e lucrar com o engajamento desinformado do que em contribuir para a formação de um ambiente digital saudável e ético. Ou seja: é o apego ao caos digital em nome do lucro. A transição para um modelo de moderação comunitária, sem especialistas........
© Correio Braziliense
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