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Afonia dos silenciados

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12.01.2025

José Alberto Silva

Diz-se que o racismo, equívoco da sociologia universal, persiste no prejuízo do Brasil, por termos mais tempo de servidão do que de liberdade. Isso introjetou-se no povo como complexo de vira-latas pela desvalorização de negros e indígenas, para justificar a espoliação de seus membros, mesmo que sobrem informações que não enganam mais ninguém de que trabalho e cultura neste país se devem às suas origens. Receia-se, assim, a reinvindicação de direitos humanos, que só podem ser contidos à força de fuzis legais e ilegais em escancarado genocídio do negro que não morre.

No esforço pela dignidade, os pais exigem de seus filhos que façam melhor do que os que pensam que são brancos, como disse o Chico Buarque. Silenciados ou impedidos de avançar, desenvolvemos alta qualificação. Se, por um lado, somos travados com maior força pela covardia dos incompetentes; por outro, somos boicotados pelo descrédito que nos impomos, paradoxalmente, não reconhecendo habilidades que pululam em nossos iguais. Não projetamos alívio, confiança em bom atendimento profissional, alegrias pela ajuda mútua e realizações por qualidades visíveis por brancos "de alma pura". Com o espírito de porco, cooptado pela branquitude perversa, lutamos contra nossos interesses, afônicos ao dar à sociedade branca o que temos de melhor em busca do pão do reconhecimento desproporcional ao nosso........

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