A inutilidade dos muros
André Gustavo Stumpf — Jornalista
A pequena cidade de Aguas Blancas, na província de Salta, Argentina, fronteira com a Bolívia, colocou a América do Sul no mapa das divisões tribais quando decidiu construir um muro para marcar sua fronteira com o vizinho naquela região andina. Explico melhor: o mundo vem sendo dividido por muros desde priscas eras, com objetivo de cada grupo, ou tribo, preservar tradições, comércio e vantagens comparativas em relação aos vizinhos.
A iniciativa dos vizinhos parece ridícula, porque a construção é, na realidade, uma cerca de arame farpado com 200 metros de comprimento, numa área muito maior que pode ser violada a pé para quem quiser caminhar um pouco mais. Vale, contudo, como registro de um tempo de impossibilidade de convivência pacífica com quem pensa ou age diferente. Ou simplesmente é mais pobre. Trata-se de mensagem de apoio do mundo subdesenvolvido para o grande irmão Donald Trump.
Um dos mais antigos muros de que se têm notícia é a Muralha da China, com 21 mil quilômetros. É a metade da circunferência da Terra. Levou mais de um século para ser concluído. Seu objetivo era defender as dinastias chinesas de invasões dos mongóis. Não deu certo. Se colocada nos Estados Unidos, a Muralha da China poderia fazer três linhas paralelas de muro ligando a costa leste à oeste. Mas os norte-americanos já construíram um muro para chamar de seu, que os separa dos mexicanos e dos latino-americanos em geral no sul do Texas, na fronteira com Tijuana.........
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