Para ler as eleições na África do Sul
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Por Paulino Cardoso - De um modo geral, no Ocidente, seja a mídia corporativa, seja a mídia alternativa, a leitura comum é que as eleições na África do Sul significaram uma grande derrota para o Congresso Nacional Africano, na medida em que o partido perdeu a maioria absoluta que possuía no parlamento.
Igualmente, é um consenso na mídia, que as causas desse resultado são fruto de um cansaço da população com temas centrais como o desemprego, os problemas na infraestrutura, que, entre outras, tem causado blackouts constantes de energia elétrica, bem como o aumento da criminalidade.
Do ponto estritamente legal, a África do Sul deveria reconsiderar os regulamentos sobre coligações, pois o CNA não conseguiu garantir uma maioria absoluta nas eleições gerais, o que levanta questões sobre a forma que o governo assumirá. É o que informa Terry Tselane, Presidente Executivo do Instituto de Serviços de Gestão Eleitoral em África e antigo Vice-Presidente da Comissão Eleitoral da África do Sul, em entrevista para a Russia Today, RT. Para ele, a África do Sul deve considerar regulamentações mais rigorosas sobre coligações políticas, a fim de garantir um governo estável.
Entretanto, do ponto de vista histórico e político é preciso compreender que a eleição reflete um processo mais profundo, fruto do pacto que permitiu a transição do Apartheid para a democracia. O CNA, sob Nelson Mandela, conseguiu galvanizar uma gigantesca frente de movimentos sociais. De sindicatos operários, ao movimento estudantil, além das organizações tradicionais, permitiu conter, mas não fez desaparecer estas forças no processo de transição. O estranho assassinato de Chris Hani e o banimento da vida política de Winnie Mandela, por exemplo, foram fundamentais para excluir da pauta temas mais radicais e populares.
Vale lembrar, que o fim do Apartheid, coincidiu ou não, com a implosão........
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