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Ana Paula Martins, o elo mais fraco

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13.08.2024

1. Mesmo reconhecendo que o caos na Saúde estava instalado há muito tempo e se agravou imenso durante os oito anos de António Costa, é óbvio que a atual ministra tem cometido erros que acentuam ainda mais o problema. Apesar de ser uma profissional de renome, falta-lhe a capacidade política, o sentido de oportunidade e o método. Além disso, a equipa de secretários de Estado é fraca. É sobretudo o caso de Cristina Vaz Tomé, uma gestora sem experiência da área, que andou pela comunicação social pública e privada, sem deixar impressão positiva. A fraqueza da ministra é tão evidente que obrigou Montenegro e Marcelo a darem-lhe colo, a pretexto de uma deslocação ao Hospital de Santa Maria, casa mãe da maior ULS (Unidade Local de Saúde) do país e que, dentro de um quadro de dificuldades, funciona melhor do que no tempo em que Ana Paula Martins a administrava. Ciente desta debilidade, o líder do PS veio a público há dias criticar a ministra, obrigando Hugo Soares, o secretário geral do PSD, a defendê-la e a assinalar as culpas da herança socialista. Esta ministra entrou a matar logo que tomou posse. Anunciou, irrealisticamente, um plano a apresentar em 60 dias e substituiu, inopinadamente, Fernando Araújo que estava à frente do SNS. Depois veio o caso INEM, tão ou mais grave. Como se não bastasse, a imagem da Saúde tem se vindo a degradar ainda mais com casos sucessivos nas urgências de obstetrícia e ginecologia durante o verão. Além de ser de férias, é uma época em que a comunicação social se torna mais impiedosa na Saúde. As falhas são expostas e comentadas vezes sem conta nas televisões, amplificando o alarme social. Vai ser difícil a Montenegro aguentar a ministra, até porque está também degradada a relação desta com as corporações do setor. E sabe-se a força que elas têm. A história da nossa democracia mostra que os ministros da Saúde são muitas vezes o elo mais fraco, até quando são pessoas bem preparadas política e tecnicamente.

2. Falando em ministros a prazo, é no mínimo estranha a notícia de que Pedro Duarte tenciona candidatar-se à liderança do PSD Porto para eventualmente avançar a seguir para câmara da Invicta, a fim de suceder a Rui Moreira. A ambição política é legítima. Mas convém que assente num trabalho feito e reconhecido. Ora, Pedro Duarte pode até ter alguns atributos profissionais de excelência, mas o seu percurso político, apesar de longo, não lhe criou uma imagem de fazedor, essencial a qualquer autarca. É verdade que do lado dos sociais democratas escasseiam nomes fortes no Porto, enquanto o PS tem no seu naipe figuras como Manuel Pizarro, um topa-a-tudo da política. Há ainda quem admita a hipótese do controverso Nuno Cardoso, que presidiu à Câmara do Porto entre 1999 e 2002, substituindo Fernando Gomes chamado para o governo do PS, avançar para edilidade. Nuno Cardoso foi, depois, associado pelo Ministério Público a alegados atos ilegais, mas acabou sempre ilibado, nunca escondendo a vontade de regressar à política autárquica ativa no Porto. Veremos se avança, ao jeito de troublemaker.

3. Fez dez anos que o Banco Espírito Santos e todo o grupo se desmoronou com estrondo, pondo a nu uma teia criminosa que vinha sendo denunciada por alguma imprensa, designadamente este jornal. A queda do BES arrastou outras. Foi o caso da PT de que os portugueses se orgulhavam. Na passagem da década, muitos especialistas e jornalistas saudaram a circunstância da fórmula encontrada para a resolução do banco e do grupo ter tido um impacto diminuto nos contribuintes. Isto porque, segundo explicam, quem está a pagar são os outros bancos. A explicação é piedosa. De facto, é verdade que não são os contribuintes que pagam diretamente. São os clientes bancários, através, nomeadamente, das comissões brutais e diminutas taxas de juro que lhes pagam. Em Portugal, toda a gente tem uma ou mais contas bancárias. E ninguém se livra dos custos que isso implica. O que se pode dizer da resolução é apenas que ela não aparece nas contas........

© Jornal i


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