“Matei-o porque não pensava como eu”
Não é discurso de ódio, a dr.ª Mariana pode ficar tranquila, é apenas citação literária. Falo do título. Trata-se de uma citação de Max Aub, em Crimes Exemplares, uma colectânea de relatos de homicídios, e recolhidos, em diversas prisões do mundo latino, pelo autor.
Diz Max, na sua confissão datada de 1956, que abre a excelente edição portuguesa da Antígona: “os homens são como os fizeram, e querer considerá-los responsáveis pelo que os obriga, de repente, a ficar fora de si é uma pretensão que não partilho. (...) As razões evidentes que os levaram ao crime são reveladas por eles próprios com uma franqueza total, e resume-se ao facto de se terem deixado levar pelo sentimento.”
A coisa não é pacífica: somos seres sentimentais, emocionais, é certo, mas dotados de razão; e seguir livremente os instintos, num bar-aberto sentimental, não é coisa aceitável em sociedade. Talvez a simplista antonímia razão-emoção tenha tido em Dostoievski o seu melhor corolário (deverei dizer epitáfio?): onde falha a razão, o Diabo ajuda.
E, todavia: quem nunca? Quem é que nunca sentiu pulsar certas inclinações........
© Expresso
visit website