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É a narrativa, estúpidos

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22.07.2024


Vai para o raio que te parta!, gritaram os bárbaros. E o Ocidente foi. Hoje, falar do Ocidente
como uno ou é uma memória, ou um desígnio de reparação, numa espécie de empreitada
salvífica, ou um equívoco de quem ainda não percebeu que o Ocidente se fraturou. Quiçá
irremediavelmente.
“Duas nações; entre as quais não há interacção nem simpatia; que são tão ignorantes dos
hábitos, pensamentos e sentimentos uma da outra, como se fossem moradores de zonas
diferentes ou habitantes de planetas diferentes; que são formadas por uma criação diferente,
alimentadas por comida diferente, ordenadas por maneiras diferentes e não são governadas
pelas mesmas leis.” [tradução livre] Eis as palavras que Benjamin Disraeli usou, em 1845, para
descrever a sociedade britânica no seu romance Sibyl, or The Two Nations. Referia-se aos
ricos e aos pobres.
Passados quase 2 séculos, esta descrição pode ser utilizada para caracterizar o Ocidente.
Entre os instagramers da costa Oeste dos Estados Unidos e os rednecks descritos no romance
autobiográfico de J.D. Vance, agora candidato ao cargo de vice-presidente na candidatura de
Donald Trump; entre os brexiteers e os bremainers, aqui há uns anos, no Reino Unido; entre os
apoiantes da Rassemblement National de Le Pen e os frentistas “Republicanos”, de agora, em
França; os hábitos, os pensamentos e os sentimentos de cada um dos grupos são tão
estranhos ao outro que parecem oriundos de planetas diferentes.
Dir-me-ão, ancorados na velha forma de fazer política, que estas diferenças são meras
dissensões, próprias da democracia. Não é o........

© Expresso


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