Sudão. Anatomia de um Conflito Ignorado
O Sudão mergulhou, desde Abril de 2023, num conflito civil onde se defrontam, sobretudo, duas forças: o Sudanese Armed Forces (SAF), comandado pelo general Abdel Fattah al-Burhan, e a milícia paramilitar Rapid Support Forces (RSF), liderada pelo general Mohamed Hamdan Dagalo, também conhecido por “Hemedti”.
O que começou como uma disputa de poder pós-golpe evoluiu para uma guerra urbana e territorial devastadora: a capital oficial, Cartum, viu bombardeamentos, combates de rua e deslocações em massa; estados como Darfur ou Kordofan tornaram-se epicentros de violência, fome e crise humanitária. Mais de 14 milhões de pessoas foram deslocadas e, segundo a agência da ONU, o Sudão atravessa uma das maiores catástrofes humanitárias actuais.
O impacto é avassalador: além dos milhões de deslocados internos e refugiados nos países vizinhos, 25 a 30 milhões vivem sob ameaça imediata de fome severa. As acusações de crimes de guerra multiplicam-se, incluindo bombardeamentos de mercados, execuções sumárias, violência sexual sistemática e obstrução intencional da ajuda humanitária. Importa salientar que, em várias regiões, ataques cometidos por milícias árabes e muçulmanas têm visado comunidades negras, cristãs ou animistas, com massacres e deslocamentos forçados que marcam o carácter étnico e religioso do conflito.
Um mapa que explica o conflito
Na imagem acima, vemos três pontos essenciais para compreender esta tragédia:
A divisão geográfica do país: a RSF controla amplas áreas no oeste, Darfur e Kordofan, enquanto a SAF tenta manter ou retomar o leste e a capital;
A posição estratégica de Cartum, no centro do país, onde a guerra urbana se tornou símbolo da falência do Estado e da fragilidade do civismo;
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