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Acções de contestação ao nuclear militar e civil em Portugal (I)*

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12.09.2024

Em Portugal, apesar do regime repressivo do Estado Novo, as diferentes forças políticas anti-fascistas foram sempre tomando posição pela paz e contra a existência de armas nucleares.

Além do Congresso de Wroclaw, os intelectuais e cientistas portugueses participaram na fundação do Conselho Mundial da Paz, no Primeiro Congresso Mundial dos Partidários da Paz em 1949 e no segundo em 1950, em Varsóvia. Em Agosto deste mesmo ano, constituiu-se a Comissão Nacional para a Defesa da Paz, com Egas Moniz, os matemáticos Ruy Luís Gomes e José Morgado, Ferreira de Castro, Fernando Lopes Graça, Maria Lamas, engenheira Virgínia Moura.

Em 1950, foram recolhidas em Portugal assinaturas para o Apelo de Estocolmo, já focado neste texto, o qual fazia apelo à proibição das armas nucleares, com a constituição de comissões em empresas, escolas e associações.

Em 1935, tinha sido fundada a Associação Feminina Portuguesa para a Paz, que, nos primeiros anos, se dedicou à ajuda a refugiados de guerra, quer da Guerra Civil de Espanha, quer da 2ª Guerra Mundial, mas que, após o fim desta, se dedicou a palestras e outras actividades em defesa da paz e pela eliminação das armas nucleares. Foi encerrada pelo Estado Novo em 1952.

Em Janeiro de 1952, estudantes universitários pintaram nas paredes do IST frases “ Viva a Paz”, em protesto pela realização de uma reunião da NATO naquele Instituto, pacto militar em que Portugal fora país fundador, contra as expectativas de todas as forças democráticas portuguesas, que esperavam, finda a guerra, o apoio das potências democráticas à instituição da democracia em Portugal.

No que respeita ao nuclear civil, embora se tenham iniciado em 1958 na Companhia Portuguesa de Centrais Nucleares (CPIN) estudos e formação de técnicos para a instalação de centrais no nosso país, com a proposta em 1964 de se construírem grupos nucleares de 250 MW, o primeiro a entrar em serviço em 1972/73; estudos com recurso a modelos matemáticos iniciados em 1969 com conclusão em 1971 na Junta de Energia Nuclear (na Direcção-Geral de Combustíveis e Reactores Nucleares Industriais) que propunham a entrada em serviço de grupos de 400 ou 600 MW a partir de 1978/79; a decisão nunca foi então tomada.

A Companhia Portuguesa de Electridade (CPE), entretanto, tinha constituído a Equipa de Projecto da Central Nuclear, com técnicos da ex-CPIN e da Direcção-Geral de Combustíveis e Reactores Nucleares Industriais e outros técnicos dos seus quadros.

Em 1975, foi tornado público o estudo intitulado “Programa de Novos Centros Produtores de Electricidade e Correspondente Programa Plurianual de Investimentos – Revisão de Agosto de 1975”, da responsabilidade do Gabinete de Planeamento Económico da Companhia Portuguesa de Electridade (CPE, antecessora da EDP), o qual foi discutido nomeadamente no Encontro Nacional de Política Energética (ENPE), no Porto, em Novembro. O recurso à energia nuclear foi alvo de grande contestação por parte de jovens quadros e de ambientalistas presentes.

O Prof. Delgado Domingos, do IST, e o jornalista Afonso Cautela, fundador do Movimento Ecológico Português, destacaram-se nos tempos seguintes a pôr em causa o projecto, não só do ponto de vista económico, como técnico-industrial, como de segurança e impacte ambiental. A comunicação social deu grande relevo a estes intervenientes e outros, de grupos ambientalistas. Surgiu também a oposição dos monárquicos e ambientalistas do Partido Popular Monárquico (PPM) Arquitecto Gonçalo Ribeiro Teles, Eng. Luís Coimbra, deputado, e outros. O Eng. Luís Coimbra foi um activo opositor da energia nuclear civil, defensor das energias renováveis na Assembleia da República, na comunicação social e noutros areópagos.

Entretanto, constituiu-se a associação Amigos da Terra, filiada na Friends of The Earth, fundada em São Francisco, nos EUA, em 1969, e transformando-se em organização internacional em 1971- Friends of The Earth International, pela união dos grupos dos EUA, Reino Unido, França e Suécia, hoje com expressão em várias dezenas de países. Foram adoptados os célebres emblema e slogan “Nuclear Power, No Thanks”, “Energia Nuclear, Não Obrigado”. Na filial portuguesa pontificava o Dr. António Eloy, que a si próprio se denomina de libertário/anarquista. António Eloy teve também uma grande e dinâmica intervenção na oposição à energia nuclear civil e noutros domínios do ambiente. Uma intensa e diversificada intervenção em vários pontos de Portugal e pelo mundo.

A Greenpeace também teve os seus seguidores em Portugal.

Jacques Cousteau, denunciou, como já vimos, vários locais do oceano onde as potências........

© O Mirante


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