O Muro de Berlim Digital e o Apartheid Silencioso
A promessa era de uma aldeia global, um infinito digital onde todas as vozes se cruzariam na praça pública da internet. A realidade, contudo, é mais distópica – em vez de uma ágora, construímos um arquipélago de ilhas isoladas, ligadas por pontes invisíveis que só nos conduzem a quem já pensa como nós, a quem tem o nosso rendimento, ou, pior, a quem o algoritmo decide que merecemos.
O que hoje chamamos de “redes sociais” são, na verdade, sofisticados sistemas de segregação algorítmica. Não se trata apenas da velha “bolha de filtro”, esse fenómeno ingénuo onde apenas nos era mostrado o que gostávamos. O que realmente enfrentamos é um modelo de negócio que recompensa a fragmentação social porque, no cálculo frio do Vale do Silício, divisão é sinónimo de envolvimento e envolvimento é sinónimo de lucro. O algoritmo não é um espelho neutro da sociedade – é um arquiteto ativo da nossa separação.
Se o século XX foi marcado pela segregação por muros de betão e leis explícitas, o século XXI ergue os seus muros com linhas de código. O fenómeno é tão subtil quanto perverso: a estratificação por interesse rapidamente se transforma em estratificação por classe.
Um estudo do Wall Street Journal (2021) revelou a crueldade desta nova ordem: enquanto aos utilizadores de classes mais abastadas o Instagram exibia um carrossel infindável de “casas de luxo” e investimentos, aos jovens de baixos rendimentos era servido um menu de........





















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