Uma Saúde para o Século XXI – Parte I
Qualquer português hoje em dia com um seguro de saúde relativamente simples com ou sem cobertura dentária, consegue facilmente ter acesso a um médico, que esse médico possa solicitar os exames complementares que ache importantes, e que estes sejam realizados no tempo e no espaço de forma que rapidamente uma estratégia clínica possa ser delineada e prosseguida com ou sem a necessidade de referenciação para um ou mais especialistas.
Com base neste principio de eficiência para com os cidadãos que os subscrevem, a oferta de inúmeras seguradoras explodiu e na mais sã concorrência de mercado possível permitiu que em menos de 20 anos uma rede de clínicas e hospitais privados nascesse por todo o continente e ilhas, a abranger uma população de mais de 3,6 milhões de portugueses, e mais de 5 milhões se incluirmos os beneficiários da ADSE que funciona como um seguro “privado” dos funcionários públicos.
A Oferta neste momento é tão substancial que os recursos humanos mais valiosos dentro do SNS estão a ser sugados para o sistema privado, por condições salariais mais vantajosas e não só, como sejam a conciliação entre a vida profissional e a vida privada e familiar, entre muitas outras, que não são objeto de abordagem deste artigo. Por outro lado o consultório médico independente e desagregado de qualquer organização de saúde privada tende a desaparecer com o tempo, e, apesar de ainda alguns resistentes médicos de maior estatuto, são uma realidade do passado que certamente nem sequer se coloca como perspetiva viável para a classe médica que se forma atualmente.
Infelizmente para o sistema privado e para o cidadão acometido com o infortúnio de um diagnóstico de uma doença grave e onerosa, os seguros de saúde tornam-se ineficazes com as coberturas a serem rapidamente ultrapassadas e com os doentes a acabarem por serem literalmente “despejados” no Serviço Nacional de Saúde em situações deveras dramáticas e complicadas. Por outro lado, os seguros de saúde não são muito eficazes ou são mesmo completamente ineficazes quando se está em presença de doenças crónicas, doenças oncológicas, doenças autoimunes e doenças raras que requerem tratamentos muito dispendiosos, completamente fora do alcance das coberturas e do comum dos mortais. Só o atual SNS o consegue fazer e sejamos claros e tenhamos orgulho em o dizer, de uma forma muito eficaz a tratar e a cuidar destes doentes.
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Os seguros de saúde são muito bons para quando estamos saudáveis e somos acometidos de alguma maleita aguda temporária relativamente fácil de cuidar, e muito limitados quando estamos muito doentes. São perfeitos instrumentos de saúde para........
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