Um presépio curioso
Conheço muita gente que não gosta ou que deixou de gostar do Natal. Vão morrendo os nossos, às vezes há poucas crianças, estamos todos velhos. (Em menina, nesta época, íamos de viagem, houve anos em que não fomos. Lembro-me de pararmos em Tomar e de um almoço à beira da estrada. O fim dos sítios por onde passeámos coincide com o fim da era dos nossos passeios. Quando andamos pela primeira vez pelos mesmos lugares, fomos já sobrevividos. Recordo a aura de passeio, o corte da nossa roupa, o boné do avô, atravessarmos a estrada a passo lesto, a segurança de cicerone que o avô até perto de casa transmitia. Não tenho propriamente memória nossa no interior do carro, mas de prepararmos a partida, de levar brinquedos numa caixa estofada que havia no banco de trás, ao centro, e onde eu pousava o braço como num avião. O avô sentava-se de queixo levantado, lembro-me........
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