Um futuro sem a Sic Notícias
Um Inquérito às Competências dos Adultos, a cargo da OCDE, mostra que quase metade dos portugueses só compreende “textos curtos e listas organizadas”. Quanto a números, 40% dos nossos compatriotas ficam-se pelos redondinhos, sem casas decimais, e são capazes de realizar operações desde que estas consistam em adicionar e subtrair quantidades pequenas. Não fossem os chilenos, que pelos vistos rivalizam em destreza mental com uma bigorna, seríamos os últimos entre os 31 países estudados. Ainda assim, temos cepos para dar e, se cepos maiores caírem na trapaça, vender.
Suspeito que boa parte dos cepos anda pelas televisões a comentar coisas, e a parte restante a ouvi-los. Voluntariamente desprovido da caixa que descodifica aquilo, não tenho acesso directo a canais. O Twitter, porém, faz o favor não requisitado de me enriquecer com uma amostra do que por aí vai, e a cada dia sou agraciado com vídeos, abençoadamente curtos, de novos sujeitos e sujeitas, irremediavelmente ridículos, a falar acerca de assuntos que não dominam com uma autoridade que não possuem. Escusam de me esclarecer que sou livre de não “abrir” os vídeos em questão: eu sei. Sucede que o pervertido em mim gosta de assistir a um certo tipo de desastres. É o tipo de deplorável prazer que senti ao ler – sim, confesso – a autobiografia de Zezé Camarinha. E comparado com a vastíssima maioria dos comentadores televisivos, Zezé........
© Observador
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