Aquilo que nos diferencia enquanto humanos de todos os outros seres vivos com os quais partilhamos o planeta é a nossa capacidade de contar histórias. Quando contamos as nossas experiências, quando despejamos sobre terceiros a nossa imaginação, quando damos as nossas interpretações pessoais de passados longínquos e as catapultamos para futuros ainda mais longínquos, desafiamos – e domamos – a lei mais rígida do universo: o tempo.
A nossa capacidade de partilhar histórias torna-nos independentes das nossas comunidades mais próximas e dos nossos próprios – e por vezes falhados – instintos. Conseguimos tomar decisões, afinal, com base não apenas no que os nossos pais nos ensinaram, mas também com base nas experiências de antepassados, de personagens fictícias, de conhecimentos científicos e filosóficos que nos foram inseridos na mente através do elemento mais sagrado concebido pela humanidade: o livro.
É o livro, afinal, que consegue imortalizar conhecimentos, imaginações, visões, experiências. Mas o livro tem, naturalmente, dois lados: o de quem lê e o de quem escreve. E até há muito pouco tempo,........