Pouco importa a verdade. Na atual tentativa de reconfigurar o pacto social e civilizatório, visando materializar os desejos e obsessões pessoais como se universais fossem, o que passa a ter mais valor é aquilo que se quer acreditar, não no que se tem para acreditar. Uma "pós-verdade" que depende apenas da insistente —e, por vezes, convincente— negação dos fatos.
Se com a destruição gradativa da credibilidade das informações concretas o que se esfarela feito poeira é o entendimento sobre o contemporâneo, sobre o que se vive realmente, o retorno a um status de barbárie colocará a humanidade diante de um novo paradigma: da "lei do mais forte" à "lei do mais mentiroso".
Você acorda cedo para trabalhar. Não há segredo algum, novidade alguma, apenas mais um dia de luta e cansaço. Faz o seu corre, garante o sustento, tenta se informar minimamente, mas se repara em um constante estado de dúvida. Não se trata da curiosidade que dita os caminhos do saber, do que querer saber, mas da desconfiança diante daquilo que se apresenta com contumaz genuinidade. Falta tempo, disposição e mecanismos efetivos para investigar, apurar e verificar se o que chega via aplicativos de mensagens, redes sociais e até mesmo imprensa é factual. Você está com a cabeça cheia, não quer ter que lidar com mais esta preocupação.
"Será que ele fez isso mesmo?",........