Me senti avassalada por um ídolo a ponto de tremer e chorar

Aos 13 anos, eu era muito fã da boy band New Kids on the Block. Ouvia o disco o dia inteiro, assistia três vezes por dia à surrada VHS de um show deles e colecionava figurinhas, revistas e pôsteres. Chorei compulsivamente quando meu pai me levou para ver uma banda cover horrível na Mooca.

Depois disso, tive minhas fases com The Smiths, Beck, Los Hermanos e Radiohead. Com os escritores Clarice Lispector, Hermann Hesse, Nelson Rodrigues e Marguerite Duras. Por fim, com os diretores Justine Triet, Luca Guadagnino, Paolo Sorrentino, Xavier Dolan e Karim Aïnouz.

Mas, nesta última Flip, ao ficar de frente para o escritor Édouard Louis, eu não tinha mais meus 45 anos nem a bagagem cultural e psíquica que adquiri nas últimas três décadas. De repente, eu tinha 13, e me senti avassalada por um ídolo a ponto de tremer, chorar e sentir enjoos terríveis.

Quando entrevistei o autor para este jornal, alguns dias antes de ir a Paraty, eu não acreditei que ele entraria no Zoom. Fiquei ali, parada, chocada com a minha cara de pau. E quando seu rosto surgiu na tela do meu computador, eu, que tinha ensaiado as perguntas em inglês por 72 horas ininterruptas, apenas travei por completo e disse:........

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