Ele vê todos os meus stories
Gisele não aparentava qualquer dor de amor. Tranquila e maquiadíssima, ela me encontrou para um café na padaria que fica no meio do caminho entre nossas casas. Contou que já estavam separados fazia algumas semanas, mas que ela sabia que, "no fundo", ainda estavam juntos: "Ele vê todos os meus stories".
Era o final da tarde de um domingo de inverno. Eu estava com o casaco que havia usado para dormir e um tênis vermelho imundo. Gisele usava meia-calça cinza transparente com saia curta balonê. Eu não quis achar que ela estava vestida para seu ex-namorado, não caberia a uma progressista pensar isso.
Tivemos que tirar pelo menos umas 20 fotos, testando à exaustão a luz do dia que findava. Com bico para afinar o rosto, com risada de cabecinha jogada para trás e, por fim, com rostos colados e olhares penetrantes, como que insinuando uma trepada lésbica após a minitortinha de mirtilo e o café com leite com desenho de coração. Gisele foi embora como quem sai radiante de um date perfeito.
No mesmo ano, foi sozinha para o Japão. Quando postou dois pratos de ramen e a legenda "Um viva a nós" ou quando fotografou uma quantidade exorbitante de enguias-d’água-doce........
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