Por dias fiquei pensando em como começar essa coluna de estreia. Queria que fosse especial, que tocasse os corações. Mais exatamente, os combalidos corações de todas nós, Tribo Das Mulheres Perimenopáusicas e Menopáusicas.
Depois de muito pensar (e de muita névoa mental menopáusica), resolvi começar da maneira mais sincera e orgânica de que me vejo capaz: com a minha história.
Oi, prazer, eu sou a Susana, e entrei na menopausa aos 39 anos de idade.
Poderia começar contando que menstruei pela primeira vez aos dez anos de idade, quando senti uma sangueira inundando a calcinha com estampa da turma da Mônica enquanto brincava de fazer castelinho de areia na praia com dois amiguinhos.
Depois do choque inicial (dos três), seguiram-se inúmeros: meu pai trazendo rosas e a professora da escola me mandando os parabéns; eu revoltada sem falar com meu pai por uma semana, e com uma vergonha horrorosa nas aulas de Educação Física da escola, me sentindo vulnerável e desajeitada, entre o barulho frofrof do absorvente plasticoso tamanho XL e o indefectível agasalho do uniforme amarrado na cintura, torcendo para que aquele sangue todo não manch... opa... manchou. Again. And again.
[Pulemos a parte Vida Fértil de desmaios de TPM, colchões inutilizados, dias D de trabalho em que eu queria mais é estar em posição fetal chorando e sangrando, rodas de feminino sagrado, anticoncepcionais, tabelinhas, pílulas do dia seguinte etc –vocês sabem]
Fértil, fertilidade, utilidade. Menopausa: fim da fertilidade, começo da... ?
Era ontem, mas eram outros tempos. Não havia redes sociais, não tinha papo reto e coletivo sobre tantos tópicos íntimos da nossa feminilidade, não tinha celebridade se sincerando sobre menopausa em programa de TV. E minha mãe,........