É noite de sábado, em maio de 2014, e passeio ao lado dos meus pais e irmãs pelo centro de São Paulo. Nas imediações da Pinacoteca, entre os vãos do museu, um grupo de rap canta suas rimas, marcando aquela que seria uma das experiências mais marcantes para a história da minha família em uma Virada Cultural.
Uma década depois, o brilho do evento foi ofuscado por violência, desleixo com os artistas e o público e um sentimento de tristeza com o potencial desperdiçado.
O ponto de inflexão ocorreu em 2017, durante a gestão de João Doria, que introduziu uma política de descentralização do evento. A ideia era dispersar as atividades por toda a cidade, afastando-se do modelo concentrado que havia sido cuidadosamente aprimorado desde a sua criação em 2005, sob José Serra.
Essa mudança resultou em uma série de palcos vazios em locais como o Sambódromo do Anhembi e o Autódromo de Interlagos, com artistas notáveis como Fagner e Alcione destacando a falta de público e infraestrutura adequada.
Levar shows para as periferias não é o problema. Em 2022 e 2023, esses palcos, que apresentavam três ou quatro espetáculos, foram os mais seguros e atraíram um público diverso, desde bebês de colo até idosos. Mas esse formato foge do objetivo principal da Virada, que, além de ser um evento com 24 horas de programação contínua, visa ocupar o........