Gosto de gírias antigas.
Palavras são entes vivos: nascem e morrem, com toda uma história que pode ser curta ou longa –às vezes tão longa que simula a eternidade, enganando muita gente– de entremeio.
O legal das gírias é que elas nos permitem acompanhar esse ciclo em miniatura, como se estivéssemos num laboratório: vão do nascimento à morte, como qualquer palavra, mas com raras exceções (como "bacana", esse fenômeno de duração) percorrem rapidamente a distância entre os dois pontos.
O caráter efêmero está na sua natureza. A brevidade da vida é o preço que pagam pela intensidade com que se jogam, cheias de ímpeto juvenil, em todos os excessos da missão de comunicar, misturando sentido e atitude.
São como certos artistas malditos: brilham demais e se consomem depressa. Durar além da conta seria visto, no caso delas e deles, como um ato de mau gosto. Quanto tempo levará o atualíssimo verbo tankar, por exemplo, para virar peça de museu?
Um dos efeitos de tanta efemeridade é que as gírias se esmeram em denunciar a idade de quem as usa. Um dia dei uma mancada: estranhei quando me disseram que a palavra mancada era........