Escrever uma autoficção
Raro abrir uma página ultimamente sem deparar com o trocadilho "escreviver", usado para definir o trabalho de alguém —quase sempre de origem pobre ou atribulada, que foi salvo pelo fato de escrever. Donde "escreviver" é uma redenção, além de, pelo visto, algo muito original dada a quantidade de escritores que disputam a sua prática ou criação do termo. Não sei bem o que há de original em "escreviver", mas posso garantir que seu uso não é de hoje.
O poeta e jornalista carioca José Lino Grünewald (1931-2000) já o empregou em 1965, num texto em que resumia seu cotidiano: "Viver/ escrever/ escreviver". Depois, num poema concreto, em 1968, ampliou o mote para "Ver/ viver/ rever/ reviver/ escrever/ escreviver" e fez dele o poema-título de seu livro "Escreviver", de 1987, com várias reedições. O termo foi também título de uma coletânea póstuma de seus artigos, "O Grau Zero........
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