Eis aqui uma boa notícia da qual provavelmente você não ouviu falar. O pirarucu (Arapaima gigas), peixe amazônico que muitas vezes alcança os 2 m de comprimento e algumas centenas de quilos, chegou a ter sua pesca totalmente proibida no país por causa do excesso de capturas. Nos últimos anos, porém, a população do gigante conseguiu se recuperar de maneira excepcional, crescendo 425% em 11 anos nos lagos em que passou a ser protegida no Brasil.
Como esse milagre aconteceu? Por uma combinação de conhecimento científico de ponta e envolvimento direto das comunidades tradicionais que incluem o bichão na sua dieta.
A interação de longa data de pescadores indígenas e ribeirinhos com a espécie ajudou no desenvolvimento de técnicas de contagem de indivíduos. Mais de mil comunidades da região se organizaram para proteger áreas importantes para a reprodução do peixe da pesca comercial de larga escala. E, por fim, foram estabelecidas cotas de captura sustentáveis, que podiam chegar a 30% dos indivíduos adultos (o que, convenhamos, ainda dá uma quantidade portentosa de filé de peixe). Resultado: ao menos por enquanto, não há mais razão para temer o sumiço do saboroso gigante.
A experiência bem-sucedida é um dos "hope spots" (literalmente "pontos de esperança") socioecológicos destacados num estudo que acaba de sair na revista........