É sempre comovente quando torcidas rivais se unem em nome de uma causa. Ver as camisas misturadas torcendo e agindo por Brasil mais justo é imagem forte que comunica, em si, muitas coisas.

Há mais de quatro anos torcedores dos times da capital de São Paulo vêm dando as mãos para lutar contra o racismo, o machismo e a homofobia e, também, a favor da democracia.

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"Nossa política é total anti-clubismo", diz Fatima Sanchez, presidenta do coletivo de torcedores do SPFC - Bloco Tricolor Antifa.

Ela conta há jovens e nem tão jovens nas ações: tem corintiano que lutou ao lado de Marighella, o sr, Fon, e Palmeirense que é sócio do clube desde a fundação, o sr. Gama. Já foram juntos colocar faixas em viadutos, já andaram de mãos dadas pelas ruas em manifestações contra o fascismo.

Nesse primeiro de abril, às 14h, as torcidas estarão outra vez misturadas em um ato no Largo São Francisco que formalizará, mediante entrega de um abaixo-assinado com mais de 100 mil assinaturas a parlamentares presentes, o pedido para que Jair Bolsonaro seja julgado por tribunal popular.

Organizado pelo Manifesto Coletivo, o abaixo assinado "Anistia Nunca Mais" vai reunir muitos torcedores organizados de clubes paulistas.

Fatima estará presente ao lado de colegas tricolores e Leandro Bergamim, fundador do Movimento Democracia Corintiana, também irá acompanhado de outros alvinegros.

O Porcomunas, palmeirenses que lutam pela democracia e contra o fascismo, ainda não confirmou presença, mas tem sido frequentador de atos como esses há muito tempo.

Falei com Leandro e com Fatima para saber por que o futebol deve se misturar a ações políticas como essas.

"Futebol é movimento de massa, a sociedade ainda não se deu conta na defesa que ele pode exercer da democracia", diz Fatima. "Ele carrega todas as paixões, todas as pessoas. Movimentos fascistas e nazistas usaram o esporte como propaganda, e Bolsonaro chegou a vestir pelo menos 81 camisetas", ela diz lembrando que a do São Paulo ele nunca usou porque, é bastante provável, que tenha sido orientado por sua sabida homofobia.

"O que vivemos nesses quatro anos é um reflexo por nunca termos identificado e punido as barbaridades da ditadura", me disse Leandro. "Nos falta espaço de memória e agora que nos aproximamos outra vez dessas sombras temos que cobrar punição", completou para explicar por que o Movimento estará presente ao ato.

Fatima e Leandro chamam a atenção para o fato de torcedores serem, também, trabalhadores. "Futebol é ferramenta de voz", diz a tricolor. "Futebol trabalha com símbolos, e é através de símbolos que a extrema direita esta ganhando terreno. Não podemos deixar os símbolos do futebol no vazio. ele vai ser capturado. Não ocupar os espaços é deixar os espaços vazios para serem ocupados. Não podemos correr esse risco", ela emenda.

Leandro insiste que é hora de a sociedade civil precisa se organizar para que não cometamos os mesmos erros.

"Contra o racismo, contra o machismo, a misoginia e a Lgbtfobia", diz Fatima.

QOSHE - Corintianos e São-Paulinos dão as mãos para pedir: Anistia Nunca Mais - Milly Lacombe
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Corintianos e São-Paulinos dão as mãos para pedir: Anistia Nunca Mais

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01.04.2023

É sempre comovente quando torcidas rivais se unem em nome de uma causa. Ver as camisas misturadas torcendo e agindo por Brasil mais justo é imagem forte que comunica, em si, muitas coisas.

Há mais de quatro anos torcedores dos times da capital de São Paulo vêm dando as mãos para lutar contra o racismo, o machismo e a homofobia e, também, a favor da democracia.

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"Nossa política é total anti-clubismo", diz Fatima Sanchez, presidenta do coletivo de torcedores do SPFC - Bloco Tricolor Antifa.

Ela conta há jovens e nem tão jovens nas ações: tem corintiano que lutou ao lado de Marighella, o sr, Fon, e Palmeirense que é sócio do clube desde a fundação, o sr. Gama. Já foram juntos........

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