Caso de família: investidor bilionário tenta interditar filho 'gastão' |
Uma disputa familiar envolvendo um dos maiores investidores da Bolsa brasileira chegou aos tribunais.
O bilionário Silvio Tini, 79, uma das 150 pessoas mais ricas do país e acionista de grandes empresas como Alpargatas e Gerdau, entrou na Justiça para tentar interditar o filho João Araújo, 44, afirmando que o filho precisa ser protegido dele mesmo por ser um gastador descontrolado.
Há mais de sete anos pai e filho só se falam por meio de advogados.
"Em razão do grave desequilíbrio psíquico decorrente do estado de mania em que se encontra —cujo um dos gatilhos é justamente a prodigalidade—, vem adotando condutas absolutamente incompatíveis com a preservação de seu próprio patrimônio, praticando atos impensados e desordenados que revelam completa incapacidade de autogestão financeira e colocam em risco iminente toda a sua estabilidade econômica", escrevem os advogados do pai na ação.
Tini acusa o filho de "torrar, sumir, evaporar" com cerca de R$ 3 bilhões em apenas dois anos com mansões milionárias, carros de luxo e obras de arte —enquanto levava à bancarrota a mineradora Buritirama, que teve a falência decretada em 2023 depois de acumular dívidas de R$ 1,4 bilhão.
O inventário de bens adquiridos pelo filho inclui uma McLaren edição limitada Senna Coupe (R$ 17 milhões), cinco Ferraris, três Porsches e duas Lamborghinis.
Também há um iate que pertenceu a Eike Batista comprado em um leilão por R$ 14 milhões, a réplica de um helicóptero em tamanho real e 120 obras de arte de artistas como Cândido Portinari e Manabu Mabe.
Os bens incluem ainda dez apartamentos de alto padrão, uma casa no bairro do Morumbi, em São Paulo avaliada em R$ 50 milhões, e um "majestoso e paradisíaco imóvel à beira-mar em Miami", avaliado em US$ 6,5 milhões.
Em dois anos, foram gastos R$ 209 milhões com a aquisição de imóveis.
O pai também acusa João de perdoar, "sem qualquer contrapartida", uma dívida de R$ 47,9 milhões mantida com a Zion Capital, um fundo do banqueiro Daniel Vorcaro, do Banco Master, e que é citado na operação Compliance Zero.
O pai levanta ainda a suspeita de que o filho esteja praticando "ocultação e dissimulação da movimentação dos direitos creditícios que ele (João) titulava contra a empresa Zion Capital".
João também comprou uma empresa de mídia: o portal Glamurama e a Revista Poder, fundados pela jornalista Joyce Pascowitch. Aqui, o empresário não pagou o que foi acordado e, desde que assumiu o controle, o veículo deixou de pagar funcionários e entrou em decadência.
A tentativa de interdição parcial teve início em fevereiro, com o pedido de liminar negado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. No mês passado, Tini entrou com um novo recurso que ainda não havia sido julgado até a publicação desta reportagem.
Na ação, Tini pede que as duas irmãs de João, Maria Fernanda Pinheiro e Carla Schneider........