Depois da consagração, em 2023, de "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo", o Oscar deste ano tem a oportunidade de retomar sua perspectiva mais tradicional e premiar um representante do cinemão americano, como costumava fazer. Não que o longa de Daniel Scheinert e Daniel Kwan não tivesse virtudes, mas a escolha causou polêmicas, contrariedade e piadas.
Eu de qualquer forma não achei ruim, e escrevi sobre a premiação, considerando que a escolha teria sido uma espécie de desvio de Hollywood rumo a Cannes –um festival europeu, mais ligado ao cinema de arte, que tenderia a ser mais simpático a um filme com um quê de experimental, caótico e anti-ocidental.
Dos concorrentes deste ano, "Oppenheimer" talvez seja o que mais se pareça com o velho padrão "filme de Oscar". É um tanto longo –uma tendência aborrecida que virou moda justo agora que ninguém tem mais tanto tempo e tanta concentração– e pode confundir o espectador com seus flashbacks e passagens em preto e branco. É, contudo, uma volta à América à la grande, permeada por dramas morais e políticos.
O filme tem uma estrutura subjacente que se baseia numa dialética entre sistema e indivíduo. É........