É quando a mão direita enluvada do maestro João Carlos Martins toca as teclas do piano e delas tira o som que enche a sala que o coração quase para, o respirar quase pausa e o amor quase se vê. Deve ser isso o que sentem apóstolos e mártires na presença iminente de milagres.
Depois é preciso respirar de novo e o coração voltar a bater, e aí vamos nós impelidos por um deus desconhecido, de porta a porta, de boca em boca, espalhando a boa nova. Quase esquecemos o mal e acreditamos de novo que o belo existe, que a arte é sublime, e que isso nos anima a acreditar que a humanidade conduz o mundo a paragens tão lindas quanto a batuta do João.
É preciso dizê-lo: precisa-se cada vez mais de milagres assim. Ou não seja verdade que, neste mesmo dia em que o João Carlos Martins nos mostrava a beleza e a alegria simples da criação, em Portugal a ultra-extrema direita, sem outra ideologia que semear confusão, impedia a escolha do presidente do Parlamento luso; e aqui mesmo em Brasília, a mesma direita procurava asilo na embaixada da........