Vencedor da eleição em Portugal tornou-se também o maior perdedor

Pode a democracia portuguesa sobreviver excluindo das escolhas futuras um quinto dos seus eleitores? Seria razoável que em uma sociedade relativamente homogênea como a portuguesa —onde as assimetrias são muito menores que no Brasil— se ignore o voto de protesto no Chega?

Posicionado à esquerda, quase confortável na sua derrota, Pedro Nuno Santos, imediatamente se coloca na oposição —talvez cedo demais?— ao mesmo tempo que confirma que o Chega teve um resultado muito expressivo que não dá para ignorar. Não há, de fato, 18% de eleitores portugueses racistas e xenófobos, mas há muitos portugueses zangados.

Mas como pode agora o PSD mudar de opinião e negociar com eles depois de sistematicamente os ter classificado de perigosos, populistas, demagogos e racistas? O atual líder não tem espaço político para o fazer, mas também não terá outra alternativa, se Portugal quiser controlar os seus "extremistas". Nesse caso, essa vitória de Luís Montenegro não é apenas tangencial, é um........

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