A cautela adotada pelo Itamaraty, fazendo par de forma menos crítica aos Estados Unidos na demanda por transparência dos resultados eleitorais da Venezuela, coloca à prova a dificuldade atávica do presidente Lula (PT) de criticar aliados na esquerda mundial —mesmo sendo eles ditadores.
Assim, o petista ganha tempo com a nota em que evita congratular Nicolás Maduro por sua farsesca vitória anunciada no pleito presidencial de domingo (28).
Como ninguém espera que a Comissão Eleitoral venezuelana apresente qualquer coisa que não seja o resultado manipulado para dar a impressão de uma vitória suada ao ditador, a posição brasileira será testada novamente.
Pelo histórico de Lula, parece difícil imaginar o petista chamando Maduro de ilegítimo. Ao longo de anos, afinal, o presidente brasileiro sempre celebrou o dito "excesso de democracia" do chavismo, confundindo plebiscitos direcionados a validar o regime com expressão popular autêntica.
Por outro lado, se partir para a pressão, ainda que comedida, Lula terá espaço para provar que aprendeu algo na política externa, campo em que sempre se vangloriou nos dois primeiros mandatos no Planalto, mas que em sua terceira encarnação tem apresentado resultados mistos, para ser gentil.
A diferença atual é que, para a surpresa de ninguém, Maduro engambelou Lula de forma desassombrada. Após reintegrar o ditador ao papel de chefe de........