A bebida que surgiu como protesto a Salazar
A canção estava proibida —o disco não. E assim veio o sinal. Ao tocar na rádio, "Grândola, Vila Morena" acendeu o pavio da Revolução dos Cravos, aos 25 minutos do dia 25 de abril, há 50 anos. Zeca Afonso, o autor e intérprete, havia passado tempos preso pela ditadura de Salazar, que já durava quatro décadas.
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Se no Brasil os militares chamavam de revolução um golpe covarde e violento, em Portugal dava-se o contrário: os militares faziam, sim, a revolução, mas para acabar com o arbítrio. Eram oficiais e soldados insatisfeitos com as corrosivas guerras coloniais e a degradação do país no esforço de manter o domínio ultramarino.
Se aqui há capitães de uma truculência inominável —ao menos um ex-presidente e um governador—, na "terra da fraternidade", como na letra de Afonso, os capitães saíram às ruas cantando "o povo é quem mais ordena". Guardadas as exceções, uns ostentavam as balas, o choque elétrico, o pau de arara, enquanto os patrícios tinham seus fuzis carregados de cravos. Os cabelos reco talvez fossem os mesmos, mas quanta diferença.
A canção, simples e comovente, também foi gravada por Amália Rodrigues,........
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