Um outro olhar sobre Jericoacoara
A maior certeza enquanto planejávamos nossa viagem para Jericoacoara era que não iríamos ficar correndo de atração em atração atrás das melhores vistas e fotos. Afinal, nossa turma seria de dois casais formados exclusivamente por pessoas cegas.
Não que o plano fosse um passeio ameno. Até haveria um dia reservado para ficar na beira da lagoa de barriga para cima na rede. Mas também separamos outro para adrenalina, com descidas de esquibunda e toboágua.
Os momentos mais radicais para mim, porém, não foram essas escorregadas de dar frio na barriga. Eles foram vividos na própria vila de pescadores do litoral cearense.
Nas últimas décadas, conforme se consolidava como um dos principais destinos turísticos do Brasil, Jericoacoara passou a contar com energia elétrica, conexão à internet rápida, campeonatos internacionais de windsurf e shows de piseiro ao vivo a céu aberto, mas a acessibilidade não chegou.
O desafio já apareceu logo ao sair do carro que nos levou até a vila. As ruas eram todas de areia, com pouquíssimas calçadas,o que tornou as bengalas que trazíamos apenas um instrumento de sinalização de nossa deficiência, inúteis para reconhecer o caminho.
Talvez eu não fosse tão aventureiro sozinho, mas minha turma não viu nisso nenhum impedimento para ir para onde........
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