Quantas décadas até mapearmos toda a extensão do córtex cerebral?
"Não seriam essas as borboletas da alma que um dia explicarão a consciência humana?" –disse o espanhol Santiago Ramon y Cajal ao descobrir o neurônio, no comecinho do século 20.
Antes dele, as tentativas de visualizar ao microscópio as células do sistema nervoso central haviam fracassado. Os corantes usuais, empregados para tingir células de outros tecidos, não impregnavam as do cérebro; nas imagens apareciam apenas espaços vazios.
Quando Cajal experimentou corá-las com dicromato de potássio e nitrato de prata, no entanto, enxergou células pretas destacadas contra um fundo transparente. Tinham a forma de aranhas que lançavam tentáculos longos em todas as direções: eram os neurônios.
A curiosidade levou-o mais longe. Demonstrou que os neurônios "entravam em contato uns com os outros sem entrar em contato". Faziam-no através de espaços de dimensões infinitesimais —as sinapses—, por meio de estímulos químicos e elétricos. Escreveu então: "A habilidade dos neurônios crescerem nos adultos e seu poder de criar novas conexões podem explicar o aprendizado".
Estavam lançadas as bases da teoria sináptica da memória, descoberta que lhe deu o Nobel de Fisiologia e Medicina de 1906. Pena Cajal ter morrido em 1934, aos 82 anos. Estivesse vivo, teria lido o artigo da revista Science publicado no último mês de maio.
Neurocientistas da Universidade Harvard, em trabalho com colegas do Google Research, da........
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