A covardia bolsonarista desenvolveu estratégias de irresponsabilização pela delinquência. Acredita na legalidade cordial, cuja justiça ouve o coração e ignora a lei e a razão. Confia na tradição de antirrevanchismo e pacificação, esse recurso eufemístico para descrever perpetuação da violência de cima para baixo.
A percepção da gravidade das ações vai se esgarçando numa sociedade com preguiça de memória. As vítimas já morreram, seus porta-vozes já ninguém escuta.
A covardia bolsonarista adota alguns atalhos para descansar à margem da lei. O primeiro atalho pede "respeitosas escusas, só faço o bem". Sergio Moro popularizou o expediente. O segundo tenta nos convencer que o que disse ou o que fez "foi tirado de contexto". O terceiro solta um "foi brincadeira, não tive intenção". O "homo ludens", esse homem que brinca, povoou o bando do ex-presidente.
Nem sempre são alegações ilegítimas. Perdem credibilidade quando a magnitude e a vontade performática de violar norma jurídica ou social escancaram desfaçatez e dolo.
A Jovem Pan, pedra de toque do esquema de comunicação conspiratória do governo anterior, não recorreu a esses atalhos para se eximir pelo que fez entre 2022 e 2023. Apesar de ter servido como megafone da estridência do ódio e da incitação, optou por silenciar.
O Ministério Público Federal ajuizou ação civil pública contra a emissora.........