Uma crítica comum à academia é que as relações com as comunidades com que ela trabalha não são horizontais. Os pesquisadores chegam por lá, desenvolvem seus estudos e vão embora, sem dar um retorno a quem participou da pesquisa in loco. Logo cedo a zootecnista Zilda Souza se deu conta desse desequilíbrio, que ela passou a combater em sua própria trajetória. "Quando faço um trabalho na comunidade, eu aprendo. A gente faz uma troca e organiza tecnicamente as necessidades da comunidade. Mas são eles que sabem do que precisam, e são eles que têm as ferramentas", ela diz.
Souza cresceu em Itaberaba, região da caatinga baiana, e já na graduação em zootecnia, na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, começou a aplicar seus conhecimentos acadêmicos em trabalhos sociais e formativos na comunidade em que fica seu terreiro de Candomblé, no município de Cruz das Almas.
Na época, a região buscava o reconhecimento enquanto comunidade quilombola, e a cientista, mesmo sem saber muito sobre o processo, foi atrás de disciplinas que pudessem ajudá-la com estratégias para a demarcação do território. Munida de um GPS, foi aprendendo na prática, definindo os limites junto com a comunidade. Seus mapas foram fundamentais na delimitação do Quilombo da Baixa da Linha e em sua certificação como remanescente de quilombo, emitida pela Fundação Cultural Palmares em 2010.
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