As novas drogas antiobesidade trazem felicidade?

Não acho exagerado quem diz que as novas drogas antiobesidade (Wegovy, Ozempic, Mounjaro etc) estão entre as maiores descobertas da ciência em tempos recentes. Esses medicamentos prometem aos mais de 1 bilhão de aflitos pelo peso em excesso um corte médio de 25% da massa corpórea, que se exprime numa notória melhora da saúde cardiovascular, metabólica, mental e articular. E à medida que os estudos avançam, benefícios ainda mais contundentes poderão ser documentados, como o aumento da expectativa de vida livre de doenças crônicas.

Mas a revolução das novas drogas antiobesidade não é meramente médica. Seus possíveis impactos sociais e afetivos são explorados num recente artigo da Nature, de autoria das antropólogas americanas Alexandra Brewis e Sarah Trainer.

Comparada à pessoa magra, aquela com obesidade recebe pior acolhimento de saúde, enfrenta maior dificuldade de encontrar um par romântico e tem menor acesso a oportunidades de estudo e evolução de carreira. A fuga do estigma do corpo gordo é o fator provável que estimula a crescente procura por essas drogas emergentes.

As cientistas argumentam que "o entusiasmo generalizado pelos medicamentos para perda de peso não é apenas uma solução para um problema médico —é também uma resposta ao medo e à ansiedade profundamente enraizados e amplamente disseminados em relação ao peso corporal". Numa sociedade gordofóbica, as drogas recentes ofereceriam uma inédita porta de saída para quem, cercado pelas........

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