"Os olhos continuaram a dizer coisas infinitas, as palavras de boca é que nem tentavam sair, tornavam ao coração caladas como vinham...". Assim deitou a pena de Machado de Assis em "Dom Casmurro".
A meu ver, uma comprovação da seguinte máxima: quem escreve —seja a obra mais enigmática e monumental da nossa literatura ou o mais besta dos recados enviados por WhatsApp— precisa respeitar o poder daquilo que não é dito.
Mais do que um direito, ficar calado é por vezes a única atitude cabível. O mais cordial dos finos tratos. A sábia elegância do "melhor não" e do "shhh".
Sempre que o celular vibra e meu cenho se franze, antevendo o dilema, avalio a questão com o peso de sua problemática filosófica: respondo ou nem tchuns? Boto mais lenha no quiquiqui ou sentencio aquela conversa ao adeus definitivo? Causa mortis: dois tracinhos azuis.
Últimas palavras têm muita força, não à toa colecionamos aspas supostamente disparadas em leitos de morte. "Aplaudam, amigos, a comédia terminou"........