Do tinteiro à Bic, o amor pelo papel e caneta persiste em tempos de digitação
Nas últimas semanas do ano letivo, meu filho começou a chegar em casa triste. Resmungando que os colegas saem para jogar futebol e trocar cartas de "Pokemón", enquanto ele passa a hora do recreio batalhando contra a angústia.
Como as notas estavam boas, fui falar com a professora. "Ele é ótimo. Matéria sempre em dia." Então se distrai na aula? Fica pensando na morte da bezerra? "É atento feito uma diminuta águia."
Então por que demora para copiar o quadro? "Deve ser a letra." Está enxergando mal? "Não, o problema é a letra dele. Coisa mais linda! Caprichada demais."
Simples assim. Sou mãe de um pequeno escriba. Aquele que faz redações sobre dragõesde-komodo como quem compõe manuscritos do mar Morto. Calígrafo otomano que volta com a lancheira intocada. Artífice mirim dos caracteres. Céus, a quem esse menino saiu?
Após o advento da imprensa, mas antes dos stickers e........
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