A palavra êxtase vem do grego ékstasi, que significa se deslocar, ficar de lado. É essa a ideia de felicidade para os gregos: a sensação de tirar alguém de sua própria mente, de se permitir ir além de si mesmo, em bom português, se "desensimesmar".
A experiência de puro êxtase é chamada de flow, estado de fluxo, que acontece quando a mente humana consegue alcançar um foco único, proporcionando um prazer pleno na execução da tarefa presente.
Não é coisa exclusiva para monges budistas, todos nós conseguimos chegar ao estado de êxtase do foco total, desde que... tenhamos foco. Não precisa de muito, de altas meditações ou transes. Pelo contrário: precisa de menos. Menos distração, menos velocidade, menos dispersão.
Somos presas fáceis dos "usurpadores de atenção" da vida moderna e acelerada. Com tantos estímulos que chegam até nós, é inevitável cairmos na armadilha das "diversões vazias" que ocupam o tempo e não nos conectam a nada, a ninguém, e muito menos a nós mesmos.
Sou especialista em olhar para a pulga e não para o cachorro. Presto mais atenção nas tarjas que passeiam na parte inferior da tela dos telejornais (chyron) do que na voz do apresentador; vivo encontrando afazeres no trajeto quarto-cozinha até me esquecer a razão de ter ido até lá; nas reuniões facilmente me distraio observando mãos belas sobre a mesa; falo no celular, dirijo e penteio minhas sobrancelhas ao mesmo tempo.
Consciente disso, me desafiei a alcançar o gozo íntimo do prazer vivíssimo em alguns momentos do........