O Brasil tem um projeto: exterminar mulheres - Por Thaís Cremasco
No Brasil, quatro mulheres são assassinadas todos os dias pelo simples fato de serem mulheres. A repetição é tão brutal que o país já não se espanta. A morte feminina virou paisagem. Só há comoção quando a crueldade ultrapassa o suportável ou quando as partes envolvidas têm exposição pública suficiente para mover a opinião. Fora isso, é como se essas mortes fossem parte natural da rotina, como se fossem acidentes inevitáveis em vez de crimes que revelam a estrutura mais profunda da sociedade.
E essa naturalização é justamente a engrenagem que mantém tudo funcionando. Porque o feminicídio não começa na arma nem no acelerador. Ele começa muito antes, no cotidiano que autoriza a misoginia e a transforma em norma. É a piada, o controle, o ciúme tratado como prova de amor, a desconfiança dirigida às que denunciam, a autoridade feminina tratada como abuso. Mesmo assim, o Brasil possui uma das legislações mais robustas do mundo para enfrentar essa realidade.
A Lei Maria da Penha, reconhecida pela ONU como uma das melhores e mais completas legislações de combate à violência doméstica, tipifica cinco formas de violência — física, psicológica, sexual, moral e patrimonial — e o feminicídio, que é a morte de uma mulher pela condição de ser mulher, carrega hoje a maior pena prevista no ordenamento jurídico brasileiro.
Mas nem mesmo esse avanço legal foi capaz de conter o........





















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