O Sindicato dos Moedeiros, representante dos trabalhadores da Casa da Moeda, reagiu com firmeza a um ataque leviano do jornal O Globo a uma iniciativa tão comemorada por eles, tão importante para o país, que é a possível volta do serviço de rastreamento de bebidas, o Sicobe.
Segundo a reportagem no blog da Malu Gaspar, o Sicobe seria um serviço "anacrônico e ineficiente, com histórico de corrupção", quando é justamente o contrário. É um serviço de rastreamento de produtos moderno, eficiente e que ajudará o país a combater a sonegação fiscal, a corrupção de auditores da Receita e dar mais segurança ao consumidor.
Eu acompanhei de perto a luta do Sindicato dos Moedeiros contra a privatização e o sucateamento da Casa da Moeda, instituição de excelência, que presta inestimáveis serviços ao povo brasileiro. Ela não apenas é responsável pela impressão de todas as cédulas e moedas em circulação no país, como também passaportes, lacre das urnas eleitorais, selos de certificação de qualidade para cigarros e bebidas, entre outros serviços vitais para o país.
A Casa da Moeda, no entanto, tinha iniciado, antes do golpe contra Dilma Rousseff, um outro serviço, de importância capital para o desenvolvimento nacional, que era o Sistema de Controle da Produção de Bebidas (Sicobe). Esse sistema permitia o monitoramento online, com ferramentas de alta tecnologia, de todas as bebidas comercializadas no país. O serviço ajudava a controlar a qualidade, a origem, o destino, a rota, de todas as bebidas, além de oferecer segurança tributária ao poder público, pois também permitia auferir se o produto estava em dia com seus impostos.
A indústria de bebidas era entusiástica do Sicobe, porque o serviço a ajudou, durante os anos em que existiu, de 2009 a 2016, a combater fabricantes clandestinos, que praticavam concorrência desleal. Os clandestinos não pagavam impostos, não asseguravam direitos trabalhistas e não praticavam controle rigoroso de qualidade do produto, e portanto tinham custos bem menores que os fabricantes que seguiam a lei.
Aí veio a Lava Jato, destruindo setores inteiros da economia, e não apenas na área da construção pesada e da engenharia. Muitos setores tecnológicos também foram vítimas de uma onda de pseudomoralismo que era apenas a face visíveil de interesses obscuros.
E foi o que aconteceu com a Casa da Moeda em 2016. Um problema detectado no Sicobe levou o governo Temer, um regime completamente controlado pela Lava Jato e seus interesses escusos, a simplesmente extinguir o serviço. As bebidas deixaram de ser rastreadas no Brasil, e ficou tudo por isso mesmo.
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