A importante melhora da avaliação do governo junto aos deputados federais, segundo a Quaest

Após a aprovação do orçamento federal na última sexta-feira, em comissão mista de Câmara e Senado, o governo pode comemorar um ano com mais vitórias do que derrotas em sua relação com o Congresso.

Entretanto, a melhor notícia para o Executivo veio numa pesquisa que teve divulgação discreta, e quase não foi comentada pelos analistas de política.

Trata-se de um levantamento da Genial Quaest sobre o que pensam os deputados federais sobre os principais temas da política brasileira. Os parlamentares foram sondados sobre sua avaliação do governo Lula, do STF, o favorito nas eleições presidenciais de 2026, Hugo Motta, PEC da Segurança Pública, fim da jornada 6×1, entre outros assuntos.

A pesquisa sugere, surpreendentemente, que a influência do governo federal entre os deputados é maior do que se tem falado ultimamente, e a avaliação que eles fazem de Lula vem registrando uma melhora expressiva nos últimos meses.

No geral, a avaliação positiva do governo Lula junto aos deputados federais cresceu 11 pontos desde junho e chegou a 38% em dezembro. A nota regular hoje é de 21%. E 40% dos parlamentares qualificam negativamente o Executivo (eram 46% em junho).

Se convertêssemos esses percentuais para a fórmula binária aprovação X desaprovação, considerando que todos que dão nota positiva e metade dos que dão nota regular costumam aprovar, então o governo teria uma aprovação aproximada de 48% no parlamento, ou cerca de 249 deputados.

Ironicamente, é uma avaliação muito próxima daquela que Lula goza na sociedade, segundo diversas pesquisas.

A pesquisa da Quaest organiza a Câmara dos Deputados a partir de três classificações complementares, apresentadas aqui em ordem analítica: ideologia, posicionamento político e alinhamento com o governo Lula.

A primeira classificação é ideológica. Segundo a Quaest, 24% dos deputados se definem como de esquerda, o que corresponde a cerca de 123 parlamentares. O centro reúne 28% da Câmara, com cerca de 144 deputados, enquanto a direita forma o maior bloco, com 43%, equivalente a cerca de 220 parlamentares.

A segunda classificação é de posicionamento político, um recorte mais detalhado, que ajuda a compreender o comportamento dos deputados nas votações. Nesse eixo, 19% se identificam como lulistas (cerca de 97 deputados), 14% como esquerda não lulista (cerca de 72 parlamentares), 34% como independentes (cerca de 174 deputados), 21% como direita não bolsonarista (cerca de 108 deputados) e 12% como bolsonaristas, grupo formado por cerca de 62 deputados.

A terceira classificação diz respeito ao alinhamento com o Executivo. Nesse critério, 32% dos deputados se declaram governistas, somando cerca de 164 parlamentares. Outros 28% se definem como independentes (cerca de 144 deputados), enquanto 35% se colocam na oposição, totalizando cerca de 180 parlamentares.

A leitura conjunta dessas três classificações mostra uma Câmara mais complexa do que a divisão simples entre governo e oposição. Embora a direita seja majoritária do ponto de vista ideológico, ela se fragmenta politicamente entre bolsonaristas e não bolsonaristas. É nesse espaço intermediário, sobretudo entre a direita não bolsonarista e os independentes, que se concentra a principal margem de negociação para a formação de........

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